sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Via de la Plata + Sanabrês (Ago 09) Dia 11 Lubian - Vilar del Bario


Iniciámos o dia logo a subir e com a vontade de atingir a Galiza. sabíamos que estava próxima, mas não quanto. Pela manhã cedo voltámos a atingir os 1300 mt até entrarmos na província de Ourense. Deixámos a de Zamora e Castilla/Leon para finalmente abordarmos a da Galiza. Com esta região surgem também os marcos de pedra com a quilometragem até ao KM 0, na praça do Obradoiro, em frente à catedral de Compostela. A primeira povoação conhecida foi A Godinha, por aí parámos para comer algo e carimbar. Tivemos sorte com o bar, já que fomos atendidos por uma rapariga portuguesa que já vivia à muito na Galiza. É nesta terra que se faz a bifurcação das duas vertentes do Caminho Sanabrês. Ou se segue por Verin, ou, como foi o nosso caso, por Laza. Depois de A Godinha, iniciámos um constante sobe e desce pelos montes, sempre com direito a tremendas vistas para contemplar. Neste somatório de sobe e desce atingimos Laza, vila mundialmente famosa pelos seus desfiles de "Peliqueiros". Homens vestidos com fatos carnavalescos de diversas cores, que usam uma mascara a ocultar a cara. Por lá também fizemos uma paragem para um pequeno lanche. De Laza em diante aguardava-nos uma tremenda subida, em que grande parte de trajecto andámos com as bicicletas à mão. Mas a compensação foi grande, já que no topo dessa escalada há um pequeno pueblo, de seu nome Albergaria, onde está um dos pontos referência desta Peregrinação, o bar: - Rincon del Peregrino. Local de culto onde muitos dos peregrinos deixam a sua vieira pendurada. Tivemos o prazer de conhecer o dono, e de trocar algumas impressões com ele. Mostrou-nos as obras que está a acabar para a abertura do novo albergue de peregrinos. Ainda antes de iniciarmos a descida até Vilar de Barrio, nosso destino para este décimo primeiro dia, passámos na cruz de madeira que assinala a nascente do rio Tâmega.




Dia comprido este. Andámos cerca de 80 km´s entre os 450 mt e os 1300 mt de altitude, somando um acumulado de quase dois mil metros. Desde que ligámos o GPS até o desligarmos definitivamente, decorreram mais de doze horas.


TRACKS E ALTIMETRIAS DESTE DIA NO WIKILOC :
http://www.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=512400

Apesar de termos iniciado o dia a subir, sempre agradável para ir aquecendo, éramos invadidos por trilhos esplendorosos, muitos deles completamente fechados, originando autênticos túneis na vegetação e arvoredo, já de si extenso.


... Tudo isto bem regado de água e, aqui e ali, salteado de umas pedritas bem jeitosas. Eu e o César evoluía-mos com as rodas de trás um "bocadinho" empenadas, com folgas nos cubos pedaleiros, e ainda... no meu caso... Sem travões e com os alforges remendados com cordas e elásticos. Digamos que não dava para arriscar muito...


A VIA DE P(l)ATA no seu melhor. De vez em quando era cada uma...


A "guerra" das máquinas fotográficas. Tiras tu ou tiro eu? Autêntico duelo de fotos. Era a ver quem é que sacava primeiro da máquina fotográfica para guardar tão belas paisagens em imagens.


... E já está! Entrámos na Galiza. Automaticamente assinalado pelo pilar de pedra com a contagem dos quilómetros e o azulejo da vieira.


Não há dúvidas que pelo norte apanhámos belíssimos trilhos, que, em combinação com a flora envolvente nos proporcionaram momentos de rara beleza.



Em certos caminhos, para possibilitar a passagem quando há lama, a organização jacobea ou mesmos as gentes da terra, colocam umas enormes lages de pedra, formando um carreiro central ligeiramente elevado da cota do piso.


Na Galiza voltaram as cancelas protectoras. Para evitar que o gado saia das propriedades.


Duro, mas espectacular.

Uns autênticos Cristos, pode dizer-se... HI...hi...hi


Já na A Godiña, enquanto esperavam por mim para decidirmos a vertente a tomar (Verin ou Laza), o Ricardo em plena reprodução de um qualquer momento teatral, parte do nosso reportório de assistência a espectáculos...Oh p'ra ele... Aquele cruzar de perna.


Cá está! mais uma bifurcação oficial. Por Verin é um pouco mais acessível mas são mais quilómetros do que por Laza. Nós seguimos a segunda hipótese, senão mais, porque era a que tínhamos como referência no GPS.


No meio de tanta montanha, andávamos sempre entre os novecentos e os mil metros, um bocadinho de estrada sabe sempre bem.


Belas paisagens, belos montes, belos trilhos...


Espectacular conjugação de cores perto de Bolaño e da barragem das Portas


Uma boa imagem, diz realmente bastante.


Voltamos à comédia... - Epá 'pera aí! Deixa lá fotografar isto...he...he...he


Do bom e do bonito.


Uns dignos exploradores por esse montes fora. Ele é cartas geográficas, mapas de altimetria, gps's... Um luxo...


Esta descida para Campobeceros ou Portocamba (não tenho a certeza) foi a mais entusiasmante. Pelo meio ainda encontrámos estas construções de pedra.


Ao fundo da rua... Um daqueles sinais... Um bar, para uma "cocaquinha frescola"... Também devia ser o único nesta aldeia, bem galega, diga-se.


Depois de termos abandonado a tal aldeia, já cá em cima na encosta oposta, deu para ter uma noção mais real do que tínhamos acabado de fazer. Aquela descida foi mesmo um primor.


Muiiiiitoooo boooom! Por momentos fez-me lembrara a Via ALgarviana. Lindo!


OH p'ra ele a contemplar as vistas!!! - Se bem me lembro, a seguir vem uma descida espectacularmente longa para Laza.


Cá está! LAZA e os "peliqueiros". Trajes tradicionais da zona, pela época do carnaval. Quase toda a gente já ouviu falar deles, mas pouca saberá onde é que ficam...


Depois de Laza voltaríamos a subir bem, para chegarmos a Albergaria. Aí teríamos uma surpresa agradável.

Por esta altura já o 18, cheio de "ganas" ia lá bem à frente. Eu e o César ia-mos subindo como podíamos. O que vale é que estávamos sempre uns para os outros. Quando algum de nós não estava 100%, havia logo quem acompanha-se. É assim o espírito cá da malta. - Camaradagem!!!


Ao aproximarmos-nos de Albergaria, logo o César se lembrou (por passagens anteriores) que por ali havia um bar muito especial. Dá para ver pelas placas...


É nada mais, nada menos que o "Rincon del Peregrino", local de culto deste Caminho, mas comentado em todos os outros. Por aqui, pelo bar do Luis, muitos Peregrinos param para deixar a concha (vieira), o/ou levarem uma. Eu, senti um "chamamento" para depositar por lá a minha Vieira. Objecto que já me acompanhava à muito, e que fez alguns dos Caminhos comigo, como foram os casos de Finisterra, onde me começou a acompanhar (depois de ter comido o seu recheio em plena Fisterrana), do Caminho do Norte, do Valença-Santiago, e, bem mais chegados, do da Ruta marítima pelo rio Ulla e do Caminho Inglês. Já para não falar da Via de la Plata. Esta minha Vieira já tinha cumprido a sua missão, diferente da que lhe estava destinada durante a idade média, onde servia para dar de beber aos Peregrinos, a minha, como mero objecto decorativo e, se quisermos, de amuleto, já estava na hora de a "entregar"...


...Cá está ela! - lá ficou, muito bem entregue, e com a assinatura de todos os intervenientes desta Viagem. Por lá ficou também um porta chaves que me tinham oferecido à saída de Zamora, no bar do Peregrino.


Para a Posteridade. Após umas Cañas buenas. Muito fado... E algum Brell.



O Homem é um espectáculo. Está a fazer um albergue para Peregrinos, com todos os requesitos necessário para o minimo de conforto, mas ao mesmo tempo com um lado bastate rustico. Para a decoração, o Luis está a usar alguns dos objectos que lhe vão deixando, e podem crer, não são tão poucos quanto isso.


Quando saímos do Rincon (com o "turbo ligado"), já sbiamos que iríamos cruzar a cruz que demarcava a nascente do rio Tâmega. Nesta altura a boa disposição e o acelaramento das cañas, fizeram-me andar a "200", numa vertiginosa viagem do "Dragon Ball"... ZZZ...



Eis-nos chegádos ao Albergue de Vilar de Barrio. Ainda hesitámos em "quedar" ou partir, mas sensatamente decidimos ficar. Por lá já estava um casal. Acabámos por ir jantar a casa de uma sra. muito castiça que faz este tipo de refeições para Peregrinos. Só me lembrava do casal Castela da Mealhada.

1 comentário:

Anónimo disse...

Il semble que vous soyez un expert dans ce domaine, vos remarques sont tres interessantes, merci.

- Daniel