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domingo, 20 de outubro de 2013

CAMINHO PRIMITIVO A SANTIAGO - FONSAGRADA-SANTIAGO DE COMPOSTELA e TODO TRAÇADO DESDE OVIEDO


Mais um Caminho concluído este verão, num ano em que aproveitei tal época para terminar alguns dos projectos que tinha deixado pendentes em ocasiões anteriores. Foi assim com os já apresentados; GR 12 / GR 10 (Portugal/ Espanha), traçado usado para chegar a Cuidad Rodrigo, atravessando a Serra da Gata, desde Termas de Monfortinho, e daí recomeçar – o também já apresentado – O Caminho Torres, outrora iniciado em Salamanca, mas que pelas intensas chuvas, originadoras de desgovernados caudais, tive que abortar, já perto da fronteira. Depois destes, chegado à Galiza, equacionado o tempo disponível, foi-me possível pegar noutro trajecto. Abandonado em Dezembro de 2010 a conselho de um amigo da protecção civil de Fonsafrada, onde, por entre frio, chuva, neve, e intempérie, teimosamente avançava na ilusão de atingir Santiago.
Deste Caminho Primitivo, no qual tinha percorrido quase 180 km, posso falar-vos agora com mais pormenor. Analisado no terreno, e à-posteriori, conclui-se que é realmente um dos mais atraentes, mas ao mesmo tempo, um dos mais duros e bravios, já que temos maior presença da componente técnica, no terreno. A percentagem de trilhos, singles e caminhos florestais é superior à maioria dos Caminhos, que os ciclistas estarão habituados. Estes cerca de 335 km que distam entre Oviedo e Santiago de Compostela – Mais 130 km se iniciado em Leon, pelo Caminho San Salvador – Cruzam duas regiões do norte de Espanha, Astúrias e Galiza, e as províncias de Oviedo, Lugo e A Coruña.
As localidades mais importantes desde Oviedo, são: - Grado , Salas, Tineo, Pola de Allande, A Fonsagrada, Castroverde, Lugo, Melide e Arzúa, estas duas últimas localidades, comuns com alguns dos outros Caminhos de Santiago mais concorridos, nomeadamente o Francês e o do Norte.


O Caminho deve o seu nome; - Primitivo, ao facto de ter sido o primeiro a ser percorrido por Peregrinos. Diz a história que um dos estreantes a caminhar (terá sido maioritariamente a cavalo, por certo) em Peregrinação, é o Rei D Afonso II, Rei asturiano do início do Século IX, que saiu de Oviedo, capital do último reduto cristão na Península Ibérica, até a meados do Séc. VIII, em direcção a Campus Stellae (Santiago de Compostela), ao ser avisado por Teodomiro, Bispo de Iria Flávia (actual Padron, em óbvia conotação com o Padrão de pedra, onde foi amarrada a barcaça, conduzida pelos dois discípulos; Atanásio e Teodoro), da descoberta dos restos mortais do Apóstolo Sant’Yago, o Maior, por um eremita, de seu nome Pelayo (Paio) [Ossadas essas que estiveram incógnitas durante oitocentos anos, no bosque Libredón]. Foi assim que “O Casto”, movido pela sua fé cristã, e, por uma vontade inadiável de visitar tal achado, (tratava-se de um dos doze apóstolos de Cristo; Jacob, o filho de Zebedeu), ajudou a criar este autêntico fenómeno de força e devoção, que foi crescendo – Com altos e baixos, bloqueios e alterações – até aos dias de hoje.

TRAÇADO REALIZADO ESTE VERÃO - 2013
(A FONSAGRADA-SANTIAGO DE COMPOSTELA)



TRAÇADO TOTAL DO CAMINHO PRIMITIVO (OVIEDO-SANTIAGO DE COMPOSTELA)










Após Fonsagrada, no fim da primeira grande subida, que nos leva a mais de 1000 mt de altitude.



...A beleza dos bosques e zonas de extensos arvoredos trazem-nos muita tranquilidade, por um lado... 



...E algumas dificuldades, por outro.



Uma das igrejas a Santiago que passamos pelo caminho. 
Nesta, encontrei um dos Santiago Mata-Mouros, mais imponente dos que vi, até hoje.



Mais um dos pontos altos deste trajecto. Originando dificuldade e beleza.



Depois de Melide, cruzamento com o Caminho Francês, entramos numa transfiguração completa do que nos rodeia.
Passamos a ter no nosso horizonte, e a estar em presença constante, de dezenas de peregrinos, a quem são oferecidos inúmeros serviços, que até aqui nos eram escassos. 
Exemplos disso, são as múltiplas vendas ambulantes do que quer que seja, desde roupa, comida, souvenirs, etc, etc... Enfim uma parafernalidade de situações que causa surpresa e ao mesmo tempo, curiosidade.



GR





sábado, 2 de janeiro de 2010

CAMINHO PRIMITIVO



Caminho Primitivo

Esta última aventura a que me propus, e da qual consegui realizar uma grande parte, roçou as fronteiras do razoável a nível do que é permitido pelo “sociologicamente” correcto. Digamos que, mais, seria condenável pela sociedade em que estamos inseridos, e à qual damos algumas justificações.

- Agora pergunto! – Será que nos devemos reger pelos padrões dessa sociedade, ou por outro lado, criar os nossos próprios limites, e através deles, testarmo-nos e elevarmos os nossos patamares de exigência?

P.S.I. (“Post Script um Intercalar”) – Este discurso assenta num pressuposto, de que eu julgo saber os valores pelos quais me rejo, e com os quais tenho consciência (… ou devia ter) que não corro perigo. Podem julgar… Alguns fá-lo-ão… Que corro riscos desnecessários. Aos que me estão mais próximos, e pela minha “paz” temem, digo que, embora não pareça, há certos riscos que não corro, e esses, apesar de ser eu quem os define, tenho a certeza que chegam para não causar arrelias a quem me quer bem. (fim de P.S.I.)

É um pouco por isso, ou se quisermos, por falta de coragem, que fiz grande parte deste meu “último” Caminho, por estrada. Apesar de possível (haverá impossíveis nos Caminhos?), não seria viável a um ser humano fazê-lo em 3 ou 4 dias, principalmente nas condições (e com as condições) em que se desenrolou este périplo.

Na primeira metade desta minha aventura as temperaturas não andaram muito longe da dezena de centígrados, acompanhados aqui e ali por alguns tímidos chuviscos e algum (não muito) vento. A neve, essa, sempre presente em todas as montanhas que esgrimiam com o céu a mais de 800 mt de altitude, já por mim tinha sido passada, em grande parte, no matar saudades que foi o regresso a Leon, e, pelo belo trajecto de comboio que dessa capital de província fiz, até outra não menos famosa, também ela metrópole e outrora bastião de defesa cristã, que por detrás das cordilheiras, contra os povos invasores do Norte de África resistiram, ganharam “alma” e contra-atacaram.

Claro que sempre que ia aos trilhos do Caminho, tal ensejo ficava pejado de muito “barrio” e muita dificuldade. Estamos a falar do Caminho de Santiago mais complicado. Digo-vos com algum conhecimento de causa, mas principalmente por ser o trajecto que em valores percentuais, mais acumulado montanhoso possuí. Falo-vos de cerca de 300 km’s de média e alta montanha, num sobe e desce constante acima dos mil metros.

Ainda para piorar mais as “coisas”, os 3º e 4º dias foram cumpridos em condições climatéricas muito exigentes, adversas no que ao Vento (soprou mais forte); Chuva (caiu com muito mais intensidade); e ao Frio (deixou de dar tréguas), diz respeito. Aliado a isso tudo, as altimetrias acentuaram-se ainda mais.

Muitas vezes, a consciência de que a muito custo e sofrimento, ou sem eles, mais tarde ou mais cedo vamos reconfortarmo-nos com um quente banho num qualquer albergue, e que, tais adversidades não perdurarão eternamente, não é suficientemente reconfortante para que não nos ponhamos a pensar se valerá a pena continuar naquelas condições.

Numa Peregrinação em Bicicleta, apesar das médias de andamento serem para mais do dobro em relação a outras formas de progressão, muitas vezes as dificuldades são inversas a essa proporção. – Sim! – Eu sei que o caminhar a pé encerra dificuldades muitos mais tormentosas… Mas, ocasionalmente, o sermos nós mais a “máquina” é como que um empecilho. Afinal, este objecto que nos dá “asas” e nos é querido, sempre é algo que depende da nossa força para avançar. - Apesar das duas rodas, é um “peso morto”.
- É isso aí! Muitas vezes uma Bicicleta em Peregrinação é quase como um “filho” que não queremos deixar para trás.

Assim, de repente…
…Valeu pela experiência, pelas dificuldades encontradas, mas sobretudo pelas que tiveram que ser desenrascadas para colmatar outras tantas situações, que aos meus olhos eram completas novidades. Só perante estas é que poderemos auferir realmente as nossas capacidades, e prepararmo-nos para outras ainda mais adversas.

… é só mais uma história para contar aos netos…

P.S.F. (…final) - Quem quiser fazer um Caminho de Santiago no inverno, com condições de inverno, informe-se o melhor que possa e trate da logística tão bem quanto possa. Depois…
…Como diria o meu novo Amigo Victor, artista pintor, que nas horas menos vagas é um responsável elemento da protecção civil, que desde Fonsagrada, rege e protege os mais desprevenidos e acidentados nas zonas montanhosas referidas:
- Passar incólume por um Caminho destes, nesta altura, é um autêntico milagre. A qualquer altura estará uma tempestade à tua espera.

Aos Amigos do Grupo de Málaga: - Espero que tenham chegado a bom porto, escapando tanto quanto possível, ao que acabei de citar.

Do Guarda Rios… Agora mais… Quebra-gelo.

CAMINHO PRIMITIVO algumas fotos

Albergue de Leon onde fui tentar saber mais alguma informação acerca do caminho que iria começar em Oviedo. Por aqui já se Perspectivava a magnifica viagem de comboio que iria fazer entre estas duas cidades. Estava a mais de 800 mt de altitude e por ser uma zona interior de frio seco, já habituada a uns bons nevões, toda a cidade estava coberta de um manto de neve.



Já em Oviedo, com algum frio mas sem neve. Em frente à catedral desta cidade, local onde começa esta Peregrinação. Por esta hora já tinha a minha credencial e já possuía mais informações acerca dos albergues que poderia encontrar abertos.



A saída da Cidade é um deslumbramento para a vista. Depois de ter atravessado todos estes montes, e de ter matado saudades da neve, que por lá havia em grande abundância, fui brindado com este cenário, que não mais nos larga durante a nossa estadia nas Astúrias. É de tal forma, que acabamos por subir até outros equivalentes a este.



A quantidade de água que estava a cair, mas principalmente a que tinha caído nos dias anteriores, fez com que muitas árvores saíssem do seu sitio e que muitas linhas de água transbordassem os seus leitos. Cheguei a ver rios que corriam com um caudal dez vezes superior ao normal. Por todas as encostas escorriam pequenas cascatas que furiosamente furavam para um qualquer rio. A força das águas, foi dos fenómenos que mais me impressionou. Não tarda, teremos por certo as habituais cheias nos nossos pontos mais críticos.



À porta de uma mercearia antes de Pola de Allende.




O Albergue de Peñaseita, onde pernoitei. Aqui, numa casa completamente isolada no meio dos montes, não se vi uma "alma". A paisagem era de respeito, e o silêncio Ensurdecedor.

No dia seguinte iríamos continuar a subir até chegar aos 12oo mt.



A água de que falava está aqui exemplificada. Este é o "embasse de salime" e estava completamente atestado.




A Fonte de Fonsagrada.


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