No dia em que subimos mais alto nesta Peregrinação, antes de Padornelo chegámos perto dos 1400mt de altitude, começámos logo por ter mais furos pela manhã. Voltámos a cruzar o Rio Tera e fomos começando a subir paulatinamente. Parámos para o segundo pequeno almoço em Rionegro del Puente e para comprar mais um spray tapa-furos em Mombuey, onde também aproveitei para carimbar na policia local. Por esta hora já caminhávamos com duas credenciais por termos esgotado a primeira.
Fomos almoçar a Puebla de sanabria, pueblo de caracteristicas medievais totalmente reconstruído e restaurado, que serve o turismo de verão e de inverno (estâncias de sky). Subimos ao belíssimo castelo e à parte velha, para as habituais fotos e voltámos a descer para almoçar num restaurante antes da ponte de acesso ao castelo, num menu peregrino. Continuámos a acompanhar o rio Tera e nele tomámos um banho e fizemos outros "desportos" após o almoço. Com a digestão vieram também as grandes subidas, já que tivemos que escalar desde os 800mt até aos 1370 mt. Digamos que se foi fazendo a um ritmo moderado e apesar do calor, tivemos a protecção da sombra em muitos trechos da grande subida, que no seu ponto mais alto coincide com as habituais antenas e reservatórios de inertes para construção. Depois da subida, esperávamos algumas facilidades para a descida, mas cedo percebemos que estávamos completamente enganados. A maioria era tão íngreme e agreste que muitas vezes nem as podíamos efectuar em cima da ginga. Acabámos mesmo por fazer uma grande parte dessa descida dentro de água, que num determinado pedaço fez por invadir o Caminho. A descontracção tem que ser a palavra reinante nestes momentos, se quisermos cumprir na integra o caminho sem nos aleijarmos. Não contente com a água, as pedras molhadas e a grande dificuldade de progressão, ainda tive que fazer uma paragem técnica para prender o fundo dos alforges com elásticos e cordas, entretanto reunidos entre os três. É que o estrago foi tanto, através do acidentado do trilho, adicionado ao peso excessivo que carregava, que por muito pouco não perdia mais de metade da carga. Com a vontade de chegar a Lubian, ponto de repouso para esse dia, fui-me adiantando. Dessa forma ainda deu para ir à procura das chaves à D. luisa e marcar o jantar a casa da D. Irene.
Com o aproximar da Galiza as dificuldades acentuam-se. Nesta jornada conseguimos cumprir mais de 90 km's, somando um acumulado de 1500 mt. Variámos entre os 750 e os 1370 mt de altitude
TRACKS E ALTIMETRIAS DESTE DIA NO WIKILOC : http://www.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=512381
Já cá faltavam... Logo pela manhã, para abrir a pestana.
Mais uma vez o rio Tera. Digamos que foi o rio que mais nos acompanhou. Isto apesar de termos cruzado muitos dos maiores e mais conhecidos rios da Península, tais como: - O Guadiana (Mérida), o Tajo (Tejo), o Tormes (Salamanca), o belo Douro (Zamora), e os "Galegos" Tâmega e Minho que ainda aí viriam. Resta-me acrescentar um facto curioso. Apesar de ser extenso e correr ao longa da fronteira com Portugal o rio Tera (pelo menos que seja do meu conhecimento) nunca chega a demarcar fronteira, quanto mais a passar para dentro do nosso país.
Uma paragem lúdica para pesar as Cargas. Por 50 cêntimos podíamos pesar-nos. O resultado foi transmitido por um talão, e rezava assim: - Nós mais as bicicletas pesávamos 340 kg. Será possível?
Parecia um bosque encantado. Embora as dificuldades de terreno estejam lá todas, a sombra ajuda a atenuar (e de que maneira).
Mais uma descida radical. Como diz o 18, assim, com os alforges, a bicicleta não vira quase de certeza. Podemos arriscar mais.
Olha o sr. César! Esta foto é digna de qualquer portefólio, de um Cicloturista que se orgulhe dos seus feitos.
De vez em quando, um bocadinho de estrada para desenjoar... sabe sempre bem. Esta por acaso até tem uma caracteristica curiosa: - Parece que termina num precipício.
Belas vistas estas. Chegada a Puebla de Sanabria e ao seu Castelo medieval.
Lá em cima, à porta do Castelo, onde aproveitámos para carimbar.
Aspecto curioso do restaurante onde almoçámos em Sanabria. Tinha o tecto preenchido com uma enorme era que provinha de um vaso, no canto direito desta sala de refeições de mais um hotel, dos muitos que por aqui existem.
Sempre o Tera e as suas inúmeras praias fluviais.
Por aqui, numa das muitas zonas de banho deste belo rio, decidimos fazer uma paragem técnica. Cada um fez o que lhe apeteceu ou o que tinha que fazer, alguns aproveitaram para refrescar os músculos numa Peregrinação aquática.
Muita pedra, tinham estes bosques.
Num dos pontos de subida até aos 1400 mt, conseguíamos ver-nos uns aos outros em pontos distintos, devido ao constante serpentear da escarpa. - Oh p'ra eles ali.
Belas as vistas, duras, as dificuldades.
... E mais...
... E mais... Por aqui estávamos a caminhar dentro de água, porque o ribeiro tinha tomado conta do trilho. - Palavras para quê?
É que nem podia deixar de ser... Ou não fosse eu o Guarda-Rios! HE...HE...HE
Realmente não foi fácil este aproximar de Lubian. Foi o dia em que chegámos mais sujos, e quiçá aquele em que desgastámos mais as bicis. No meu caso, por esta altura já tinha atado a minha "troxa", com o objectivo de conseguir chegar ao albergue sem perder nada. Ficou tão bem feito o "embrulho" que acabei por ter que o utilizar sempre, daí para a frente. A conclusão desta incidência foi que: - Após tantos remendos, os meus alforges estão a chegar ao fim. Vou ter que ir pensando em adquirir outros. Estes já cumpriram com a sua missão, desde 2005, em muitos e muitos milhares de quilómetros por essa Europa fora. Começaram com o Caminho Português em 2005 e acabam por aqui, pela Via de la Plata em 2009. Cumpriram todos os Caminhos de Santiago, mais as voltas extras do dono, onde se incluem algumas saídas em trabalho com o B.G.
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