sábado, 12 de setembro de 2009

Via de la Plata + Sanabrês (Ago 09) Dia 13 Cea - Santiago

...E pronto, eis-nos chegados ao último dia de uma peregrinação aparentemente acessível, mas que se não for devidamente acautelada poderá tornar-se a mais difícil de todas. Como sabem, temos algum conhecimento de causa, já que efectuámos vários Caminhos em direcção a Santiago, e dos maiores: O Francês 800 km's; O do Norte 950 km e a Via de Plata 1050 km's, este é (para mim), o mais duro. Quando refiro duro, pode julgar-se que é um problema de relevo. - Não, a dureza deste caminho advém de diversos factores que estão todos mencionados através do "diário" que acaba no fim da descrição deste 13º dia. Razões como o extremo calor; o frio húmido, logo, a enorme amplitude térmica; os solos áridos e desérticos que se estendem por dias inteiros, a falta de água, as distâncias longas sem um único povoado, as paredes quase intransponíveis; cansaço acumulado pela extensão, e, a mudança abrupta de relevo (75% do acumulado foi feito nos últimos 4 dias), são tudo factores que me levam a pensar, se não será este o caminho mais duro? - Bem, terão que o fazer para avaliar.
Se por algum acaso, o quiserem realizar a pé, informem-se muito bem de todas as condicionantes, porque, e falo pelo que vi, mas principalmente pelo que ouvi, de gente experimentada, em termos pedonais este é sem dúvida o mais agreste dos caminhos de Santiago.
Tudo isto, e muito mais que por aqui não relato, não se chega nem de perto, à maravilha das imagens e situações por nós vividas, também, e essencialmente por isso, este é um Caminho muito belo. Para mim, sobe ao pódio da graciosidade, para ficar logo atrás do Caminho do Norte por Gijon, esse sim, para mim o mais interessante em muitos aspectos.
Já que estamos aqui, e continuando este resumo fotográfico, pois que o mais detalhado, como já aqui mencionei, está no fórum btt, escrito, de uma forma geral pelos três, mas com o prumo do Ricardo, O CÉU COMO LIMITE de Zebroclinas, devo dizer que começámos logo a subir pela manhã, passando por um terriola pequena, Mosteiron, dominada obviamente por um enorme "Monesterio", muito semelhante e certamente contemporâneo dum outro em que (mal) dormimos no Caminho do Norte, de seu nome Sobrado dos monxes. Neste dia pouca provisão tínhamos de alimentos para a manhã, apenas adquirimos umas miseras sandwish's e uns bolinhos, que não enchiam a cartucheira desta "gente" faminta. Assim, e depois de alguns quilómetros começámos à procura de um suplemento para forrar o estômago. Como dizia uma amiga que fizemos em Salamanca, hospitaleira catalã do albergue: - Mas vocês estão sempre a comer. Viu-nos fazer o jantar no albergue, e passadas umas horas já estávamos a desayunar... É 'kisto, a malta não vive para comer mas come para viver....
Trilhos e mais trilhos, pueblos e mais pueblos e... "morfes"? - Né! Mais fome do que nós só mesmo os sapatos do 18 que estavam com a boca completamente escancarada de fome. Já nem umas providenciais pressintas os conseguiam "calar". - Só um à-parte... Vocês sabem onde é que o Guru César guarda as pressintas plásticas? - Pois é, eu também fiquei a aprender. Guarda-as dobradas no interior do espigão de selim... Ele há coisas.
Acabámos por encontrar o que queríamos em Castro Dozon. Mas também encontrámos uma camareira cá com um feitiozinho. Bem, o Ricardo pode descrever melhor que eu no Fórum...
Sigue, sigue... No pares... E assim foi, continuámos a nossa progressão até Silleda, onde almoçámos divinalmente, uma mista de carne. No mesmo restaurante onde comem todos os camionistas da região, Palavras para quê?
Depois de almoço a descida até ao rio Ulla, a cerca 50 mt de altitude e as subidas e descidas constantes até Santiago, passando por uma imensidão de povoados rurais, em que temos a sensação que estamos a ser gozados, por serem tantas as voltas que damos até atingir a famosa praça do Obradoiro.
Compostelana; Fotos; comboios; compras; albergue, enfim, os movimentos habituais dum fim de Peregrinação. Só que desta vez houve um elemento extra bastante agradável, que ficou marcado pelo encontro com outro aventureiro peregrinante, o Confrade "Miguel", que não andou pelo "K2", mas fez uma real viagem de lisboa a Santiago, e concluiu-a "Sampaio", com muita bravura.
Por Caminhos de Santiago, de agora em diante, só se for por alguma ocasião especial, porque aparentemente fechei (fechámos) o ciclo. Pode ser que alguém me convença, vamos ver. Quando digo isto, refiro-me ao curto prazo, já que ainda quero regressar aos Caminhos para uma experiência a pé, e, tenho a certeza, que um dia lá voltarei, com a bici "ás costas".
Se por acaso vão começar agora a "folhear" este "diário", pois, ADVIRTAN-SE!!!



Por razões óbvias, mas especialmente por ser o último, este deve ter sido o dia mais complicado a nível de acumulados. Fizemos 95 km´s (devo aqui referir que nem sempre os valores a que me refiro coincidem com os que estão no Wikiloc, e isso explica-se por um par de razões. - 1º- os tracks que descarreguei para a net estão "limpos" de km's extra para que os interessados não façam algumas das voltas menos propicias que nós, por uma ou outra razão tenhamos feito. - 2º -Ao descarregar os tracks do Gps para o PC e daí para a net, há sempre uma redefinição de valores, que nem sempre corresponde à verdade). Esclarecimentos à parte, e também porque além do GPS viajo com um POLAR AXN 500 (com barómetro) e com dois manómetros, os valores que apresento, e com os quais construo a minha tabela de registos das viagens, são um misto de cada um dos aparelhos com que me desloco.
Neste etapa portanto, acabámos por variar entre os 70 e os 850 mt de altitude, perfazendo um acumulado superior aos 2000 mt.

TRACKS E ALTIMETRIAS DESTE DIA no WIKILOC :


http://es.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=512442


O enorme Mosteiro de que vos falei. Da fama fez-se um povoado.


Foto artística por entre as pedras "intransponíveis".


A conclusão a que chagamos quando vemos estes autênticos labirintos de arbustos e/ou silvas é de que, provavelmente, muito pouca gente passará por aqui.


Com esta foto, mais uma artística, consegui sem dúvida dar uma pequena ideia do quão agreste são estes trilhos, aqui pela Galiza.





Lá estava o sapato do Ricardo com fome. Muitas das vezes que havia necessidade de apear, lá tinha que se compor o "estendal"


Poderei candidatar-me a um concurso de jovens valores da fotografia? ...lol... Estava inspirado!


... E esta? Foi de propósito!



Ainda? - Estamos quase lá!


Demonstrativa da atitude das autoridades galegas. Fazem das ruínas, albergues. Não só reconstroem o espólio rural como ainda criam emprego e ganham dinheiro. Isto já para não falar do mais importante, criam condições para albergar os Peregrinos.
Um tema pouco explorado nos média, mas de veras pertinente, refere-se à quantidade de Peregrinos que frequentam o Caminho e às divisas que estes fazem movimentar dentro do país.
A alimentar o corpinho, ao mesmo tempo que fazem pesos e levantamentos.


Quem diz a verdade, não merece castigo!


Grande obra, das muitas que se fazem por Espanha, com o intuito de melhor as estradas, já de si esplêndidas. esta fabulosa obra, situa-se num vale do rio Ulla, mesmo no topo da descida íngreme que fiz para chegar a Puente de Ulla, onde os meus Comparsas já me esperavam.


O descanso do guerreiro! AH, e a hidratação! ...Muito importante.



Ora lá está ela, a esperada Catedral de Santiago de Compostela.


Praça do Obradoiro, Bicicletas para o chão ao quilómetro "0". Acto reflexo de outras Viagens.


Outra forma de ser fotografado; Outra atitude perante a situação; Outro ângulo de fotografar a Catedral; Ou simplesmente porque... Sim!


Um dos acontecimentos do dia. O encontro, e a natural amizade que se criou com o Miguel "k2" Sampaio.

Esta sim! esta é que fica para a posteridade! Parabéns aos três pela viagem e pela CAMARADAGEM!

TODAS AS FOTOS DESTE DIA NO PICASA :

GR (GPS)

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