quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Via de la Plata + Sanabrês (Ago 09) Dia 9 Montamarta - Olleiros de Tera


Saímos bastante cedo para o Caminho, tendo por isso mais uma hipótese de ver um elevar do sol acima da linha do horizonte. Desta vez como o céu estava preenchido com nuvens, as cores ainda foram mais surpreendentes. Acabámos por desembocar numa albufeira de barragem vazia, e como estávamos a seguir o track fomos dar uma volta maior do que o necessário, pois a marcação contornava a água, que para o efeito não existia. O Caminho acaba por voltar sempre à N630. E desta vez, que acabaria por ser uma das últimas, fomos "obrigados" a passar por um terriola de estrada completamente decrepita, e por um Café ainda mais decadente, onde gostaríamos de ter tomado o segundo pequeno almoço. Mas o que realmente aconteceu no Bar Pepe foi algo de totalmente surreal. Correu tudo tão mal que o nosso guru César, que não é de gastar o seu latim por... "dá cá aquela palha"... Disse alto e em bom som, quando viu chegar o pedido que tínhamos feito como última tentativa de salvamento da situação que se estava a criar: - É MELHOR NÃO PEDIRMOS MAIS NADAAAA!!!

Depressa quisemos sair dali, e voltar às pedaladas. Rapidamente chegámos a Granja de Moreruela e virámos para a esquerda em direcção a Ourense. Estávamos agora no Caminho sanabrês. Como indicador de mudança, logo nos apareceu uma escarpa de pedra quase intransponivel para o conjunto homem/bicicleta. Acabámos por demorar quase uma hora para fazer tal escarpa, mas no fim concluímos que realmente valeu a pena. Lá bem no alto ainda fomos presenteados com uma concorrida escavação de um castelo Visigodo do Séc V e daí, demos inicio a umas descidas técnicas bastante agradáveis em direcção a Tábara. Povoado de assinalável dimensão por nós escolhido para almoçar. Da parte da tarde practicamente só andámos a contornar o rio Tera e as localidades vizinhas, que curiosamente têm todas Tera no nome. Acabámos por parar numa das últimas, mais precisamente em Olleiros... de Tera.





Mais uma vez não atingimos os mil metros de acumulado. E nestes 86 km, andámos a subir e a descer entre os 650 e os 850 mt de altitude.


TRACK E ALTIMETRIAS DESTE DIA NO WIKILOC :


http://es.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=512365





Ao vivo, ainda é mais bonito...

Parece África, representada naqueles genéricos do National geografic. Para os mais novos ou para os que vêm os filmes infantis com os putos... Faz lembrar aquele do "rei leão"... Acuna matata!!!

Não me canso de ver estas cores e formas... Espectáculo!


Fez alguma impressão, ver esta bacia completamente vazia.


Bar Pepe. Sem comentários. É/foi o verdadeiro paga e não bufa (que é para não partir aquela m....toda). Foram só 13,75 euros por: 3 Colacao, 3 bocados de pão seco com uma couver de doce (daqueles dos hoteis), e uma (a famosa) tortilha francesa... - É melhor não mandar vir mais nadaaa!!!!


Por aqui situa-se a bifurcação definitiva dos Caminhos: - À direita a continuação da Via romana até Astorga. À esquerda a vertente por Ourense, passando por Puebla de Sanabria, que lhe dá o nome: - Caminho sanabrês.



Até a bicicleta fez a sua escolha, ao inclinar-se para o chão, no sentido de Ourense. Para nós a escolha já estava feita à muito. - Astorga, já conhecíamos de outros Caminhos. E, além disso, o que queriamos era mesmo fazer o Sanabrês e chegar mais uma vez a... Santiago.

Com este Caminho "novo", surgiram outras vertentes de progressão. Desde as descidas mais longas e técnicas. Sempre entusiasmantes (mesmo sem travões), até às dificuldades que vêm já a seguir.




Quase impreceptiveis, perdidos lá no meio do monte, estão dois peregrinos a pé, que viríamos a reconhecer mais tarde, Uma Francesa que tinha estado no albergue de Montamarta, mas que acabou por não ficar devido ao estado do mesmo, e um sr. espanhol. Foi exactamente por onde eles andam que decidimos seguir com as bicicletas às costas.

O mais difícil é começar. Depois de lá estar é pegar na ginga e... vai "dimbute"... É pegar ou largar.
Estivemos quase uma hora nisto.


Pode parecer mais fácil do que realmente foi.
- Mas era mesmo por aqui que devíamos ir? - Sim! - Vá, segue jogo.
Para tirar as dúvidas até temos as setas bem pintadas na rocha. Está uma no canto inferior direito. Por cima da data.

Analisando, assim à distancia, até dá para pôr a mão na consciência e revelar... Não será isto perigoso? - Nã... Já foi!


Lá em cima, bem no cume de tal escarpa, já estão os dois peregrinos a pé. Visto daqui de baixo parece uma enormidade...

... Mas visto aqui de cima ainda dá uma impressão maior. Eu subi isto tudo?!?!?
Com atenção pudemos descortinar um dos nossos, bem lá no meio. - Olá César, se não estivesses de amarelo não te via.


E afinal tinha brinde...lol
Lá em cima estavam uns jovens arqueólogos a fazer uma escavação, do que se julga ser um castelo Visigodo do séc. V. Gastámos algum do nosso tempo a cultivarmos-nos.


Já em Tábara, onde acabámos por fazer uma paragem para o almoço, tive que recarregar o GPS com mais tracks. Felizmente que o restaurante ainda estava vazio...



Na bomba de gasolina da Cepsa junto a Tábara estavam uns bombeiros a efectuar testes. Por lá aproveitámos para fazer um repouso que incluiu em sesta ao sol.



Depois do repouso começámos a nossa saga pelas capelinhas do rio Tera. Iniciámos em Santa Croya de Tera e acabámos em Olleiros de Tera. Nesta foto, os meus comparsas estavam afazer um pequeno repouso e a atestar de água, enquanto eu fui ao albergue de Calzadilla de Tera para carimbar. Curiosamente, e como facto inédito para mim, a hospitaleira só carimbava a quem se "quedasse". - Se vais seguir não te "sello". - Dizia.
Achei no mínimo ... Estranho!


Cambiante completa de paisagem e de clima. Por aqui, e depois de concluirmos que tínhamos contornado todo um povoado, andando em circulo, circulava-mos num belo bosque. Este tipo de paisagem passou a ser comum daqui para a frente.


Muitas vezes por graça, outras por necessidade imperiosa, encontramos destas setas desenhadas artisticamente pelo solo. São de uma importância assinalável quando por algum motivo a marca "original" tenha desaparecido. Eu próprio já as construí para auxiliar quem venha no "desdobramento".


Paisagem e cultura bastante frequente nestas terras, estas "bodegas" estão inteiramente enterradas no solo, para melhor conservarem o produto que têm lá dentro: - O Vinho!




Junto a uma mercearia onde um respeitável sr. nos indicou o caminho mais correcto para o Alcayde do pueblo, já que era tal cidadão que possuía a chave do Albergue.


O César a fazer de anfitrião, abrindo a porta depois de a tal chave ter chegado. Tivemos que esperar que a missa acabasse, para termos direito à "llave".


TODAS AS FOTOS DO DIA NO PICASA :



GR (GPS)

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