quinta-feira, 8 de abril de 2010

GR 22 Fotos Dia 1 - Castelo Novo / Dornelas do Zêzere


Foi com uma vontade férrea e muita boa disposição que saímos para o terreno cerca das nove horas da manhã do dia 28 de Março de 2010.
Tínhamos previsto, depois de uma análise maturada, fazer a circulação na Grande Rota obedecendo aos trilhos no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, isto é, seguir pela vertente direita de Castelo Novo, em direcção a Atalaia do Campo (terra de Eugénio d`Andrade), e daí por Proença-a-velha; Idanha-a-Velha e Monsanto. Só que na descida de Castelo Novo, e ainda a entrar na linguagem do GPS, lapso meu, fomos exactamente na vertente contrária. Desta forma, virámos a agulha para as etapas mais difíceis, a Gardunha e a Estrela, em vez de abordarmos o lado espanhol, bem mais plano. Mal constatámos que estávamos em Louriçal do Campo e ao vermos as placas indicadoras de direcção para Piodão, que nesta povoação orientam o GR 22, nem hesitámos: - Já que aqui estamos, já não vamos voltar para trás. Foi só telefonar ao Ti Abel, informando-o de tal acontecimento e combinar outro ponto de encontro. - SIGA!!!

Aí está a primeira foto de conjunto, acabadinhos de pôr os pés nos pedais. Aqui, ainda não tínhamos constatado que já íamos a caminho de Piodão, em vez de Monsanto.


Agora sim, já em Louriçal do campo constatámos que as placas nos indicavam Piodão e não Monsanto. Algo estava mal. Da constatação ao assumir do erro foi um ápice... E agora? - Siga!

Um dos muitos pormenores que não pudemos deixar passar por estes dias de terreno em que pisámos terras da Beira. Desde a Baixa à Alta, sem esquecer a Litoral. Faço por aqui o meu primeiro convite a quem nos lê: - Se tiverem oportunidade de fazer esta rota um dia, não a esbanjem. Apesar da deficiente marcação (GPS OBRIGATÓRIO), das dificuldades do terreno e da logística, o regálo para a vista e demais sentidos é um dos maiores aliciantes a esta viagem.
- Obra da DITA dura...


Acabadinhos de sair, ainda nem à duas horas pedalávamos, já o César tinha o primeiro furo...
...Primeiro e único, já que além de não ter tido mais nenhum, nem eu nem o Cláudio experimentámos tais sensações... Estranho, não é... Se no início de tal jornada, me dissessem que tal coincidência ocorreria, por certo que não iria acreditar. Mesmo assim. a partir do terceiro dia o Cláudio passou a ter que encher os pneumáticos todos os dias pela manhã, para impedir que um furo "super lento" lhe impedisse a progressão. Mesmo assim, deve ter aprendido na mesma escola do "18", já que nunca foi necessário trocar a câmara de ar, até chegarmos de Novo ao Castelo de origem.


As primeiras imagens dos cumes da serra da Estrela, têm tanto de belo como de assustador. Aliado ao fascínio da neve estava a noção perfeita de que seriam dificuldades pelas quais teríamos que passar. Diga-se também que antes da Serra em questão tivemos que transpor outras bem difíceis. Esta de onde tirei a foto; A Gardunha e a do Açor.
Realmente, está muito bem servido de Serras e dos seus desníveis, esta GR 22. Tal facto fica patenteado pelo desnível acumulado destes sete dias: - Mais de 12000 mt. Em que as etapas têm todas mais de mil e quinhentos metros de ascensão, e a mais dura, tem quase três mil.


- E aí estão eles!
Acabados de falar em tal "malefício"... Subidas e subidas Lda.
Claro que muitas delas foram com um ajuda do "Lapata", óptimo elemento de tracção, directo ao terreno.
Especialmente na Serra da Gardunha, e especificamente neste primeiro dia, foi coisa bem comum. Deve ter sido, seguramente mais de uma hora com ela à mão, até aos mil e poucos metros da serra da Gardunha.


Antes de começarmos a descer para Dornelas do Zêzere/Alquiedão, ainda atravessámos um extenso parque eólico de Cata ventos que se prolonga por alguns quilómetros. O que dantes só se avistava do lado espanhol da fronteira, tem por estes dias, muito desenvolvimento entre nós. Sempre muito perto dos mil metros de altitude, é assim que andamos num sobe e desce frequente nos estradões de brita e cascalho construídos propositadamente para dar acesso aos ditos "moinhos de Quixote".



Bem lá no alto da Serra surgiu-nos um pormenor curioso. Aliás já não é caso virgem para estes peregrinos. Já nos tínhamos deparado com um facto semelhante entre Teo e Santiago de Compostela, bem no finalzinho do caminho Português de Santiago. A foto é inevitável...LOL.



Aqui, em Dornelas do Zêzere, dá-se o primeiro encontro com o Rio que dá nome à vila. Daqui para a frente e num serpentear constante com a água, iremos cruzar muito mais vezes tal fluxo de água, assim como outros bem mais desgovernados e de maior caudal. É o reflexo das grandes precipitações ocorridas até então, e que, como vamos ver, ainda não tinham acabado.


Por esta altura já sabia muito bem o descanso aos guerreiros. Aguardava-mos pela auto-caravana e pelo Ti Abel, que tinha ido fazer tempo lá para as minas da Panasqueira. Apesar de só termos feito perto de 50 km's neste primeiro dia (aqui ainda não tínhamos decidido se continuávamos, ou não), já havia sinais evidentes de desgaste nos corpos e nas máquinas.
Eu, teria que fazer uma paragem técnica demorada, já que além de ter dado cabo do resto dos calços de travão (felizmente trazia outros de reserva... Aconselho vivamente), tinha pouco ar na suspensão frontal, e tinha o meu pneu traseiro com o piso muito careca e pior do que isso, uma bolha lateral acentuada. Dessa forma, teria que o mudar também (lá está, outro consumível que não se deve descorar numa viagem deste género. É que além de ser um tratamento inigualável para as Bicicletas também não proliferam as lojas da especialidade. No Fundão sei que há uma, perto do centro, e das BP, e calculo que também possa haver algumas na Covilhã e na Guarda, de resto... Nem vê-las)
Como dizia, além dos meus problemas mecânicos, o Cláudio estava com uma fome que nem via, tínhamos que ir às compras para o jantar, e, pior do que isso, o César estava a ressentir-se de sobre maneira de uma mazela recente. Estava aflito do pé, nomeadamente do tendão de Aquiles. Seguro estava, de que não iria pedalar mais durante o dia de hoje, e para amanhã ficaria uma análise mais consciente do que poderia ou não fazer no dia seguinte.
- Estava portanto na altura de descansar. Apesar da tomada de consciência de que não tínhamos feito tantos quilómetros como os que vêm nos canhamos da GR, estávamos limitados de diversas formas, e, sabíamos que este "atraso" era perfeitamente recuperável nas jornadas que se aproximavam.
- A VER VAMOS!?
GR


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