sábado, 28 de novembro de 2009

RELATO do Tróia - Sagres - (Lagos) (1)


Apesar de estarmos no final de Novembro, mas sabendo da aberta climatérica do fim-de-semana em causa, aliado ao atraso da aparição do frio, fui fazer uma volta daquelas que são obrigatórias a qualquer cicloturista que se preze. A já famosa Tróia – Sagres por estrada, desde à muito divulgada por António Malvar [HISTÓRIA DO TRÓIA – SAGRES (A. Malvar)].

Dos cerca de 204 km’s, acabei por fazer 200 (202 no Manómetro). A pequena redução deve-se muito à mudança do local de chegada dos novos ferrys, que em vez de atracarem em Tróia, agora o fazem antes de sol-Tróia.

Foi uma viagem solitária, mas sem incidentes. Não tinha vento contra (também não o tinha a favor…pena...). Mesmo assim para a minha primeira vez neste trajecto, acabei por demorar pouco mais de 7,30 h a uma média e 26 km/h, o que para mim e principalmente para a minha forma físico/desportiva actual (muito atrasada) não foi nada mau.

Consegui cumprir com todos os meus objectivos, alguns inclusive até os achava ambiciosos em demasia. Assim, como os dias já são bastante curtos (-/+ 10 horas), tinha que sair tão cedo quanto possível para evitar algum percalço, até mesmo no horário dos barcos que antecipadamente tinha providenciado. Mal o dia tinha chegado, ainda o sol se escondia atrás das dunas da desértica e solitária estrada de ligação entre Tróia e a Comporta, já eu estava a pedalar.

Fi-lo quase três horas seguidas, até que fui obrigado a parar para mudar as pilhas ao GPS, e, aproveitando a ocasião, tirar casaco; Pôr óculos de desporto; procurar uma música e outros pequenos movimentos que descortinamos à medida que vamos evoluindo. Foi por esta altura, perto da abordagem a Sines que achei que seria prudente alimentar-me um pouco melhor. Até aqui tinha ingerido um bocado de marmelada e uma barrinha. Desde o início do périplo estava a tentar manter a regularidade na ingestão de líquidos, que para o efeito inseria de 15 em 15 minutos à razão de dois goles. Para que conste, mas principalmente para dar algum “power” à água, adicionei-lhe um daqueles hidratantes energéticos básicos, que para esse efeito costumo comprar no Decathlon.

Como a referência de paragem, do track que dispunha, estava fechada (S. Torpes), acabei por fazê-lo numa terriola de nome curioso: - Foros de pouca farinha. Aí, fiz um pequeno e rápido repasto devidamente acompanhado pela essencial coca-cola.
Voltei ao asfalto mais descansado e Também aconchegado. Tinha entrado no segundo terço desta Caminhada, faltando-me agora pouco mais de 100 km’s. Nestas “coisas” das longas marchas, o mais difícil é chegar ao meio, depois é sempre em contagem decrescente. Apesar de não ter ninguém que puxasse por mim, tinha o benefício de não ter o “amigo” vento a contrariar a minha marcha. Estava como se costuma dizer: - Por minha conta!

Com energias renovadas e com o relevo a mudar (eu sinceramente prefiro umas subidas longas e de inclinação moderada a eternas planícies, das que não se vislumbra o fim), ganhei ainda mais alento para o que se tornava uma “prova” plausível. Com a sensação de que o pior já lá ia, cheguei rapidamente a Rogil, terra onde deveria fazer uma segunda e última paragem.

Neste momento já estava a usar algumas das tácticas que habitualmente são profícuas para longas jornadas quilométricas, principalmente em estrada. Já tinha encetado os intervalos de progressão em pé/sentado, que para além de deixarem circular o sangue pelas veias que pressionamos contra o selim, ainda nos dá alguma força para acelerarmos o nosso compasso de pedalada. Também já estava a aproveitar as descidas mais longas para fazer alguns alongamentos musculares, tentando assim chegar em condições a Sagres.

É que depois destes duzentos quilómetros que se adivinhavam de sucesso, teria que fazer pelo menos mais quarenta, no que seria a ligação para Lagos, local por mim escolhido para me alojar.

Adivinha-se uma chegada ao mar bem antes das quatro horas da tarde que tinha planeado, o que me permitiria chegar ao destino final ainda com a luz do dia. É que ao mesmo tempo que conseguia manter a média acima dos 26 km/h, também seria possível cumprir outros dos meus objectivos iniciais: - Fazer esta viagem em menos de oito horas.

Acabei por ter a sorte de não ter nenhum problema mecânico, nem tão pouco físico, o que possibilitou uma chegada tranquila, e dentro do tempo previsto. Sendo assim, ainda deu para ir tirar umas fotos à Fortaleza de Sagres, conversar com alguns turistas, e sentar-me à mesa de um tranquilo café, em plena rotunda de acesso à estrada de Vila do Bispo. Ao descontrair um pouco, aproveitei para fazer um apanhado dos números do GPS, do Polar e do manómetro, enquanto me refastelava com algo quente.

O Tróia – Sagres já estava feito. Faltava agora o Sagres – Lagos.

Fiz-ma de novo à estrada para o que seria um trajecto tranquilo até Lagos. Só que, ao iniciar a minha marcha pela estrada para a vila que é capital deste concelho (Vila do Bispo), e acompanhando os traços azuis que guiam a Ecovia do Litoral, deparei que para continuar a seguir tal traçado teria que sair da dita estrada, abordando um piso muito pior que se desenrolava paralelamente ao principal. E pronto! Foi assim que decidi fazer uma prospecção fiel da Ecovia referida, acompanhando todo o tipo de inclinação e trajecto que me fosse indicado pela sinalização perfeita, que esta ECOvia tem, aqui pelo concelho.

Da Ecovia já devem ter lido algo pelo blog, se não, poderão fazê-lo quando quiserem (está aqui bem perto). Da minha aventura, que entretanto se tornou nocturna, posso dizer que fui tão longe quanto o risco me permitiu, acabando por abandonar tal via depois de uma bela aldeia costeira, de seu nome Salema (Fiquei com vontade de por lá passar uns dias…).

Deixando o levantamento para o dia seguinte, tive que abordar a N125 (fi-lo em Budens), para desse modo chegar a Lagos a horas decentes.

Traços largos, foi assim o meu Tróia – Sagres, que, como tenho direito à diferença, tornei num: - Tróia-Sagres-Lagos!
Rios? Realmente foram alguns, os que abordei nestes 246 km’s… Mas houve um que me deu um gosto especial atravessar. Falo do Rio Mira, que banha Vila Nova de Mil Fontes, onde passei muitas e muitas férias e do qual guardo belas recordações.


Assim é… Guarda Rios.

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