Com mais um pouco de história do Caminho, que está entrelaçada com a própria História da Península Ibérica, queremos dar a conhecer alguns pormenores (e algumas... Lendas), deste grande movimento de massas católico/pagão ou ateu, que se desenrola desde há muitos séculos, mantendo a tendência de crescimento denotada ao longo dos anos.
Honra seja feita às sucessivas ordens que organizam e dinamizam tal "projecto", unidas, conseguem manter e incrementar o enorme sucesso deste ícone religioso e turístico, que tomou proporções incontornáveis na população mundial a nível sócio-cultural.
Sant’Iago Mayor, “O mata-mouros”. - Lenda?...
A ligação de Santiago (Sant’Iago Mayor) e Compostela (campo da estrela; Campus Stellae) já vem de longe.
Por milagre, terá sido encontrado num campo um túmulo, sobre o qual reluzia uma estrela. Nesse túmulo estavam os restos mortais do Apóstolo Sant’Iago Mayor.
É no reinado de D. Afonso II, o Rei Asturiano que por volta do ano 812 se dá tal descoberta, que muito viria a impressionar todos os povos cristãos com influência relevante nos Hispânicos.
Os Reinos cristãos da península Ibérica da idade média, usaram a força desse milagre como incentivo para as batalhas contra os mouros, facção dominante à época, na região. Batalhas houve, em que além de “iluminados” pelo Apóstolo, os Nobres cavaleiros da corte e os seus peões terão tido a “ajuda” de Sant’Iago, que para mais de bom pregador, era um bravo lutador. Das míticas confrontações com os muçulmanos, que sob o “olhar e protecção” do Apóstolo, os cristãos saíram vencedores, surgiu a expressão: - “Santiago – O mata-mouros”.
Aludindo a tais vitórias, o “mui” piedoso e astuto Rei Asturiano, fundou um primeiro santuário nesse campo da estrela sobre o que se julgava ser o sepulcro de Santiago. Local onde mais tarde se ergueria uma Catedral.
A importância dada pelos cristãos ao culto de Santiago o Apóstolo, e a força por estes usada nas batalhas contra os mouros, por via da descoberta do seu túmulo, faz com que o poderoso chefe militar Árabe, Almançor (o vitorioso), considerado por volta do séc. X, o “terror dos cristãos”, passasse a ter como principal objectivo a destruição da cidade e do sepulcro, fonte de inspiração nas batalhas contra ele movidas.
Com o abandono da cidade em 997, já que apenas um monge ficou para trás, com o intuito de proteger e guardar os restos mortais do apóstolo, Almançor reconquistou-a, destruindo-a por completo, ficando daí a máxima: - “Não restando pedra sobre pedra”. Misericordiosamente, poupa o sepulcro de Santiago. Diz-se que dos despojos só restaram os sinos do templo, que foram transportados até Córdoba por escravos cristãos de Almançor. E que só depois de conquistada tal cidade pelos cristãos, terem regressado, carregados até Compostela por escravos mouros ao serviço dos Reis católicos.
Entre avanços e recuos, reinicia-se a expulsão definitiva dos povos hostis ocupantes da península. Em pequenos avanços, batalha após batalha, até ao reagrupamento dos Mouros no reino de Granada (Zirias), pouso final dos povos do norte de África, que durante séculos ocuparam a “Ibéria”.
Com a batalha de 1492 dá-se o fim de uma guerra em que finalmente os Reis Católicos derrotam o Reino Árabe liderado pela dinastia muçulmana Nazari. No entanto, a expulsão definitiva de todos os mouros granadinos só ocorre em 1571, no reinado de D. Felipe II, com a sublevação das Alpujarras. Termina assim o domínio dos muçulmanos na península, que nesta ultima fase, protegidos pelas zonas montanhosas da “Sierra Nevada”, dominaram terras que bem conhecemos, como as de Granada, Málaga ou Almeria, e que tiveram como ícone simbólico a fortaleza de Alhambra, hoje importante marco turístico/cultural de Espanha.
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