domingo, 11 de abril de 2010

GR 22 Fotos dia 2 - Dornelas do Zêzere / Piodão


Chegados a Dornelas no dia anterior, e depois de concluir que não conseguia-mos evoluir tanto quanto queríamos pelos motivos que apresentei, acabámos por "montar a tenda" nas margens do Rio Zêzere. A noite foi passada a ouvir uma chuvada constante, o que não era de todo lá grande presságio. Pela manhã também concluímos que não iramos contar com a presença do César naquele dia, já que as dores do pé não lhe tinham passado e para mais o dia não estava nada convidativo. As coisa não estavam a correr a 100%, mas teríamos que imaginar um 99%. Depois dum pequeno almoço rico, aproveitando uma das pouquissimas abertas daquela manhã do dia 29 de Março, fizemos-nos ao caminho, eu e o Cláudio, para o que seria, isso já o sabíamos, um dia de grandes subidas, e, também já desconfiávamos, uma jornada bem molhada.



Aqui estão dois corajosos, preparados para a chuva, o vento e o frio que se adivinhavam.
Neste dia tínhamos combinado com o apoio da auto caravana, uma paragem em Piodão para aí tentar dar "ao garfo" e reunir forças para o resto da jornada desse dia, que se adivinhava longa e de grandes dificuldades.


A chuva, sem nos largar um momento que fosse, já por nós era ignorada. O pior mesmo passou a ser uma combinação de frio e descidas ou de frio e de pés e mãos encharcados e gelados. Para ajudar ainda mais à festa, em determinados momentos nem sequer nos víamos um ao outro, ou ao trilho.


Depois de alguns quilómetros e umas horas a subir, desenhava-se uma bela descida para Piodão, já estávamos no final da manhã e apesar da água íamos avançando o que podíamos.



Com o início da descida avistámos algumas referências por mim já conhecidas, por se tratar da região de onde provêm os meus antepassados maternos, tal como Janeiro de cima (Hoje em dia património das aldeias de xisto) ou as Minas da Panasqueira, locais onde o meu avô paterno viveu e/ou trabalhou na extracção do Volfrâmio, materia prima usada para vender aos alemães durante a II Grande Guerra.
Mais alguns pedaços de história, em que esta GR 22 é rica.


De largada da Beira-Baixa e abordando a Beira-Interior (distrito de Coimbra; Concelho de Arganil), continuamos a avistar autênticos regalos para a vista. veja-se este exemplo de uma antiga aldeia, agora completamente desabitada, mas onde ainda se cultivam os socalcos à beira do rio.



A primeira vista sobre Piodão é completamente mágica. É irresistível não fotografar de diversas curvas e ângulos na abordagem vertiginosa que se faz a esta aldeia histórica.
Foi completamente encharcados e famintos que chegámos ao ponto de encontro com os nossos Amigos. Aqui além de nos secarmos e aquecermos teríamos que almoçar e reunir, para tomar decisões acerca do evoluir da etapa e, de certa forma da GR 22.
Depois de um belo banho quente e um almoço de chanfana, demos um passeio pela aldeia, que para ser perfeita, apenas falta suprimir dois ou três telhados de telha que destoam em todo aquele painel de xisto, mais turístico do que histórico. Arranjámos tempo para ir aos souvenirs e para a degustação e uma parafernália de sabores licorosos, e, decidimos que não havia condições para continuarmos nos trilhos naquele dia. Além do frio e chuva constantes e impiedosos, as montanhas que nos rodeavam por completo, e pelas quais teríamos que passar sem alternativa, estavam completamente cobertas de uma expeça camada nebulosa, que para além de muito escura, nem sequer nos deixava ver tais picos. Aproximava-se a Serra da Estrela e seria completamente imaturo e inconsciente abordar a alta montanha naquelas condições.
O nosso atraso ia-se acentuando, e nem o facto de sabermos que as etapas finais eram muito menos duras, nos deixava muito alento. O que nos valeu, apesar dos licores me terem dado a volta à barriga, foi a camaradagem e convívio que se instalou no nosso abrigo. Mais uma vez a noite foi passada sob copiosa e barulhenta chuva...
...O amanhecer adivinhava-se difícil. Pelos "books" já devíamos ter feito mais de 180 km's, mas os nossos manómetros só indicavam cerca de 95.
- "Mas como a vida não pára"...
GR

Sem comentários: