sábado, 12 de setembro de 2009

Via de la Plata + Sanabrês (Ago 09) Dia 12 Vilar del Bario - Cea


Curiosamente, este dia apesar de ser o penúltimo, logo um dos que poderíamos ter andado mais, foi um dos que caminhámos menos. Terá sido por diversos factores, mas a mim, confesso sem pejo, foi aquele que me custou mais, ou por outra, olhando para trás, pelo menos a manhã foi aquela em que mais sofri. Começámos o dia com mais um furo, depois quando saímos para a estrada fomos tratar de comer o pequeno almoço, tentando fazer algum tempo para ver se a neblina que estava instalada se levantava. Qual quê. Parece que cada vez estava pior. Não se via nada à frente, os meus comparsas foram-se afastando e os meus óculos cada vez mais embaciados, tive que parar várias vezes para os limpar, na tentativa de ver o chão à minha frente. Os resultados eram muito maus, tive que passar a andar sem eles, o que para mim é como andar de noite sem luzes. Além disso estava um frio de rachar, e eu apesar de estar coma as luvas do César, com dedos, estava com muito frio na mão que tinha aleijado em Mérida, continuava com um dedo muito inchado e com dores, e para ajudar a tudo isto, a minha bicicleta estava a deixar de ser colaborante, estava mesmo a "dar o berro" : - Fiz mais de duas horas, em que se incluíam algumas subidas com os calços encostados aos discos, por estar sem travões, a desafinação deu para ali. Depois começaram os problemas com o desviador, começou a saltar por tudo e por nada. É claro que o material não é de ferro, e eu que sou um defensor duma pequena passagem de água pelas bikes ao fim do dia, desta vez, só o tínhamos feito nos primeiros três dias, depois disso as gingas nunca mais foram limpas. A sujidade e aglomerado de resíduos, principalmente óleo seco, eram por demais. Acabei por ter que fazer uma limpeza a seco mais demorada, para ver se a coisa melhorava. Enfim há manhãs assim, felizmente que foi só uma, porque nestas alturas é que nós e o grupo testamos as nossa capacidades. e nisso meus amigos, posso estar grato aos meus companheiros de viagem, que nunca me deixaram ir a baixo, assim como noutras ocasiões o mesmo foi praticado com algum dos outros. É por essa e por outras que estamos de parabéns, é que, conseguimos levar a nossa "dama" por além. E até hoje, de resto, sempre primando pelo sucesso.

Obrigado ao Ricardo e ao César por esta viagem, mas também a todos os outros com quem tenho feito estas enormes aventuras a Santiago ou "derivados". Não me posso esquecer da minha primeira peregrinação a Compostela pelo Caminho Português (já lá vão uns aninhos) e do grupo exemplar que tive comigo para cumprir tal feito, sem eles teria sido difícil realizar esse primeiro sonho. Refiro-me ao Rogério Martins e à Sandra Martins, sem esquecer, claro, a Ana Ernesto. Depois disso tivemos a honra de contar com mais três Peregrinos nestas andanças, e a partir do Caminho de Finisterra, surgiram a Fernanda Veloso e o Carlos Veloso, e, "last but not least" o meu Comp. José Alexandre. A Todos eles os meus parabéns, acima de tudo, o meu OBRIGADO!

Mas continuemos... Quanto ao resto do dia, rapidamente perdemos toda a altitude que mantínhamos e, depois de passarmos num dos pontos mais importantes do caminho Sanabrês e das peregrinações na Galiza, Xunqueira de Ambia, viemos parar a Ourense, a cerca de 120 mt de cota. Aproveitei mais um furo da malta dos furos para ir andando à frente, e tentar encontrar uma loja que me safasse uns calços e uma afinação. Mas qual quê. Nada saía bem naquele dia, até que desisti de procurar lojas para melhorar a bike, faltavam pouco mais do que cem quilómetros e teimosamente pensei. - Já que já fizeste mil, também vais aguentar mais cem. Felizmente assim foi... Mas já lá vamos.

Enquanto esperava fui carimbando as credenciais ao ayntamento e depois fui à procura do resto da malta. Encontrámos-nos logo, e fomos saber do almoço. Bem almoçados e melhor "hidratados" continuámos a nossa escalada, faltavam mais ou menos trinta quilómetros para uma das hipóteses de albergue em Cea. Continuámos. Um pouco de raiva, mas ao mesmo tempo como atitude assumida, pouco mais parei até chegar a Cea, na tentativa de deixar algum terreno para trás e ao mesmo tempo com mil malabarismos para que a bicicleta, os alforges e o corpo, não me pregassem nenhuma partida, assim foi até Cea, sempre a andar. Lá chegado, enquanto esperava, fui conversando com os peregrinos portugueses que por lá descansavam, depois de uma longa jornada. Tinham começado em Chaves através da via de Verin, mas eram escuteiros de Sesimbra. Com a chegada dos meus Companheiros, decidimos não avançar mais naquele dia que já ia longo, apesar de "curto". Deixaríamos pouco mais do que 85 km para o último, o que para jornada final, seria de possível concretização .




63 km's de jornada, com variações altimétricas entre os 130 e os 750 mt. Perfazendo um acumulado de mil metros.


TRACKS E ALTIMETRIAS DESTE DIA NO WIKILOC :
http://www.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=512420

... E a saga continua... Mas ainda houve mais! Assim de repente, e fazendo uma pequena estatística dos "acontecimentos", digamos que a Specialized XC do 18 deve ter furado aí umas 15 a 20 vezes (até acho que foram mais, mas pronto), daí a alcunha nova de Pinchoré (O Rei do Pincho), e quanto à Specialized Hardrock do César, o estrago deve ter andado perto das dez (Foram mais...). Enfim, bicicletas menores...lol...he...he...he... Se fosse uma Trek, mesmo a minha singela 6500, nada disto acontecia. Eu e a minha Bicicleta não entramos na estatistíca: - ZERO furos....hi...hi...hi.


Mesmo tendo uma sensibilidade diferente da dos nossos olhos, a lente de uma máquina fotográfica dá para revelar o estado em que se pôs o tempo pela manhã. Isto para os meus óculos é um luxo...ui...


Para ajudar, ao nevoeiro ainda se juntou um frio de rachar.


Só ao fim da manhã é que a coisa começou a levantar. Mesmo assim ainda estava muito fechado, mostrando esta bela imagem.


Praça central de Ourense, depois de Xunqueira de Ambia, rapidamente descemos aos 130 mt de altitude.


Rico almocinho fizemos nós em Ourense, por trás da catedral. Aliado ao churrasco misto ainda degustámos um sabor sempre familiar, umas Super Bock fresquinhas.


Bem interessante a passagem pelo rio Minho e pela ponte pedonal, de onde se tem uma vista privilegiada sobre a Ponte romana de Ourense.

Como já mencionei na introdução deste dia, as fotos da parte da tarde foram muito poucas, daí que depois de Ourense só fotografei a entrada em Cea, nomeadamente no albergue municipal, que se encontra logo ao inicio da vila vindo de sul.


Aspecto rústico da povoação enquanto caminhávamos para o jantar. Cea tem a tradição de ser a terra do pão.


Presentes na paisagem do norte de Portugal, especialmente no Minho, também os há em grande quantidade na Galiza. São os espigueiros e servem para secar o milho durante o inverno. são elevados para impedir a gula dos roedores, que pela geometria das "bolachas" de pedra onde assenta o espigueiro, ficam impedidos de chegar ao cereal. Neste caso, a particularidade da foto está no aspecto deste espigueiro abandonado. Para mim é uma raridade ver um, tal como este.


Cea além de ser conhecida pelo pão, também o é pela torre do relógio.

GR (GPS)

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